segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A propósito da falta de água em Estremoz


A água: a escassez na abundância II

Estará certamente o leitor a interrogar-se da razão de ser do título deste artigo. Porque razão faço uso do título da obra homónima de Zózimo Castro Rego, publicada nos anos 70 do século passado, e porque razão tem o ordinal II. A explicação é simples: foi a partir da publicação de um artigo com o mesmo título, em 25 de Setembro de 2008, no Quinzenário "Ecos", e em reacção a este, que o problema da água em Estremoz começou a ser resolvido, se bem que, só nos últimos dois meses as acções efectivas no terreno tenham começado a ser mais visíveis.
Até então o Município de Estremoz não agiu de forma responsável perante um problema tão premente. Negligenciou a manutenção da rede, assumindo que a Águas do Centro Alentejo tudo resolveria em breve. E os resultados estão à vista: o precioso líquido começou a faltar nas torneiras. Isto apesar da realidade hidrogeológica de Estremoz assentar num sistema aquífero com 45 Km de extensão (entre Alandroal e Cano), o qual tem uma capacidade de renovação anual de, aproximadamente, 30 milhões de m3. Portanto, água há. Nem toda terá condições para o abastecimento humano, no entanto afigura-se como evidente que bastará um reforço nas captações para assegurar toda a água que se evidencia como necessária para o abastecimento público.
No entanto, o problema fundamental não está sequer na quantidade de água captada. Está, sim, na quantidade que chega aos depósitos. Primeiro, e fundamentalmente, porque se perde em rupturas não controladas por qualquer sistema de pilotagem; e depois, porque a água bombada está a ser injectada directamente na rede gerando ainda mais rupturas que aquelas que existiriam se a pressão exercida numa infra-estrutura envelhecida resultasse apenas da força gravitacional.
Enfim, o problema resolver-se-á (até porque não é insolúvel). O que não estou em condições de garantir é que esteja resolvido a tempo de evitar transtornos maiores que aqueles que já provocou. Se a intervenção tivesse sido atempada, tal não aconteceria.

Artigo do candidato António Ramalho (PSD), publicado na edição de hoje do Semanário Registo.

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